Opinião

Os números são o que são e a realidade também

Foi notícia que a taxa de abandono escolar precoce (TAEP) - jovens entre os 18 e 24 anos que não concluíram o ensino secundário - é de 27%. A responsabilidade é das políticas educativas e formativas, da escola, da família e da facilidade de acesso ao mercado de trabalho não qualificado, muitas vezes associado à economia paralela, nos setores primários (agricultura e pesca) e na construção civil - curiosamente entre 2011 (44%) e 2015 (29%), anos da crise financeira, a TAEP reduziu 15%. Os números e a redução ímpar da TAEP Em 1996 a TAEP em Portugal era de 40% e em 2019 é de 11%, uma redução de 29%. Nos Açores em 1996 a TAEP era de cerca de 60% e em 2019 é de 27%, uma redução de 33%. Imagine-se que em 1996 nos Açores a TAEP era de 40% (acompanhando a nacional) com a redução alcançada a TAEP seria de 7% (mais baixa da nacional e, porventura, a mais baixa da Europa, se não do mundo). Facilmente se constata que nos Açores reduziu-se muito em 23 anos da luta contra a TAEP, perante uma pesada herança. Muito está a ser feito! Uma luta sem descanso O combate à TAEP é uma luta sem descanso e é legítimo que se exija mais, quer com a intensificação de instrumentos para garantir a redução desta taxa a montante, quer com percursos qualificados alternativos e com a redução de taxas de retenção - que é uma aceleradora para a TAEP - mantendo o rigor e exigência, e a jusante com a intensificação de formação para adultos entre os 18 e 24 anos, como já vai acontecendo através da Rede Valorizar e também uma forte fiscalização às empresas que contratam jovens sem concluírem o 12º ano. Fomentar o gosto pela aprendizagem não se fabrica em linhas de produção e o tempo político não é o tempo de cada aluno. Vitória ímpar no acesso à Universidade Porém não deixa de ser curioso o número de alunos açorianos que acedem este ano no ensino superior. É uma vitória das famílias, da escola e das políticas educativas. Em 2018 ficaram colocados nas Universidades 864 alunos, em 2019 foram 968 alunos. Há dias foi notícia que 1153 alunos ficaram colocados na primeira fase de acesso ao Ensino Superior. O maior número de sempre. O caminho é o de mais ensino superior, mais educação e mais formação. A ação social escolar em todos os níveis de ensino e o Rendimento Social de Inserção assumem-se como imperativos para que todos tenham oportunidade de frequentar a escola e aceder a níveis de formação pós-secundário, integrando mercados de trabalho que valorizem a qualificação. Este aumento de alunos acontece porque há mudanças nas escolas açorianas. Portanto, algo mudou na educação nos Açores e o futuro é promissor! A caminho das Regionais 2020 A proposta do PSD para a educação nos Açores é, imagine-se, o “coaching” educativo nas escolas açorianas “para reduzir a TAEP”. Seria útil alguém informar o líder do PSD que os jovens que engrossam a TAEP estão fora das escolas açorianas. Portanto, o coaching proposto será para os alunos que poderão ou não integrar a TAPE?! E os que já estão fora da escola? Serão abandonados? À semelhança do que fez Passos Coelho quando terminou com o programa de formação de adultos. Nada de admirar… afinal… foram (são) amigos.